segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

MARCELO ABREU é entrevistado pelo Bahia Notícias.


O secretário de Serviços Públicos e Prevenção à Violência (Sesp), Marcelo Abreu (PR), fala com exclusividade ao Bahia Notícias sobre polêmicas como a fiscalização dos “mijões”, do fumo nos camarotes e da venda de espetinhos de churrasco no Carnaval 2012. Com nome no páreo para as eleições de outubro em Lauro de Freitas, o titular da Sesp revela novidades como a utilização de banheiros convencionais em containers e a alteração dos fios aéreos que atrapalhavam a passagem dos trios nas avenidas. “Se você correr nos circuitos, vai ver que não tem mais passagem de alta tensão”, diz. Abreu detalha os serviços da Guarda Municipal, da Limpurb, da iluminação pública e da regularização dos ambulantes, em todos os circuitos da folia, que pretendem contribuir com a segurança e a organização na festa momesca que sucede o período de greve da Polícia Militar na Bahia. “A central de operações da Sesp [...] é onde o secretário vai morar no carnaval”, brincou.


por Evilásio Júnior/ David Mendes.




LEIA A ENTREVISTA:
Bahia Notícias - Tudo preparado para o carnaval desse ano?
Marcelo Abreu - Tudo sim, já estamos nos repasses finais, entrando na fase de testes.  Hoje, inclusive à noite, às 19h30, nós vamos fazer o teste final da parte de iluminação. Com relação à limpeza urbana, está tudo planejado. Temos banheiros novos, que botamos para experimentar, com um sistema de containers. Onde temos os banheiros com descarga, enfim, como se fosse um banheiro convencional, e ainda com espaço para pessoas com necessidades especiais.
BN - No ano passado, a gente teve algumas críticas com relação aos banheiros químicos, que uma parte das costas das pessoas ficava à mostra e teve gente que fez crítica. Esse ano tem a inovação dos containers. Vai funcionar?
MA - Vai funcionar como um banheiro público, gratuito, porém, com as pessoas que tomarão conta desse banheiro, que farão a limpeza permanente e com essa vantagem de ter a acessibilidade. Então, são 30 containers que nós estamos montando na cidade, cada container desses tem quatro banheiros dentro e, como estou dizendo, esse para pessoas com necessidades especiais. E que não deixa de ser uma experiência já visando às festas futuras, para ver se a gente melhora cada vez mais a qualidade dos serviços prestados e esse é um ponto que a gente faz questão de querer melhorar. 

BN - Aqueles banheiros antigos, que foram criticados, eles continuam nas festas deste ano?
MA - Não, aqueles que vocês chamam “do xixi”, não é isso? Tem alguma quantidade ainda, mas vai imperar mesmo o banheiro convencional, químico, que são 1800, e esses 30 containers que nós espalhamos nos circuitos justamente para a gente avaliar o desempenho dele, digamos assim.

BN - A limpeza, como é que vai ser feita? Porque muita gente reclama. Está no carnaval e aí tem o mau cheiro, banheiro sujo...
MA - Os banheiros químicos são limpos à medida da necessidade. Têm as equipes permanentes de limpeza que vão trocando, inclusive, o líquido químico. E a gente faz isso pelo menos três vezes por dia. E os containers terão essas pessoas responsáveis pela limpeza permanente.  Inclusive com fornecimento de papel higiênico, são banheiros convencionais. 

BN - A iluminação...  Vai ter o quê de novidade esse ano?
MA - A gente deu um reforço. A gente está entrando aí com mais de 600 refletores, o que é praticamente, uma novidade, em todo o circuito; três mil luminárias e um reforço na carga para que não haja queda de tensão durante a noite de festa. E a novidade maior é que nós limpamos os dois circuitos [Barra e Centro], que era um sonho da administração do prefeito João Henrique e do vice-prefeito Edvaldo Brito, que era tirar as passagens aéreas dos [fios de alta tensão dos] circuitos. Tirar, principalmente por causa risco de ficar levantando o fio para o trio passar e também uma questão até de estética e ter liberdade aos artistas, para que eles pudessem, como Daniela [Mercury] fez ano passado, poder ter mais algumas novidade no trio dela. Então, se você correr nos circuitos, vai ver que não tem mais passagem de alta tensão. 

BN - As passagens transversais que o senhor está falando...
MA - É, as travessias.

BN - Como isso foi feito?
MA - Foi posto para debaixo da terra, foram feitos os dutos subterrâneos, inclusive a prefeitura disponibilizando dutos também para as televisões, para a imprensa em geral, para que não precise ficar passando cabo atravessando o carro nos circuitos do carnaval. É a grande novidade, uma obra de muita importância, principalmente por conta do fator segurança, porque aquela história de se ficar levantando o fio para o artista, a banda e o trio passarem.


BN - E a fiscalização dos ambulantes? Que é um comércio também que é sempre criticado, como é que tá?
MA - Houve um reforço em relação ao ano passado, nós dobramos a quantidade de efetivos, estamos blindando os dois circuitos e o Batatinha, os três circuitos estão sendo blindados nas entradas para que a gente trabalhe, no circuito, somente com os ambulantes cadastrados, treinados e que estão padronizados para trabalhar. O desafio do carnaval de 2012 é manter essa ordem, a gente deseja que trabalhem apenas os cerca de 2800 ambulantes que fizeram esse cadastramento e que é justo, porque se preocuparam em se cadastrar, se preocuparam em tomar um treinamento, que foi feito em parceria da Sesp com o Sebrae, se preocuparam em se padronizar e se cadastrar, para trabalharem organizados. Então, é justo que a gente faça um esforço muito grande para que mantenha essa ordem para que as pessoas trabalhem de forma legal.

BN - Tem um anúncio também que foi do Claudio silva, da Sucom, que foi sobre o alojamento para tirar esses ambulantes da rua. Vão ter alojamentos suficientes para todos?
MA - Ele fez essa proposta na semana passada, quando ele estava desenhando esse modelo, que eu acho que é interessante, porque as pessoas ficam ali em condições subumanas, dormindo na rua. Isso não é o desejo da administração. Ele estava desenhando esse modelo para apresentar para ver a viabilidade de se praticar isso...

BN - Está mantida a proibição dos acampamentos [de ambulantes] nos circuitos?
MA - Está mantida. 

BN - Como é que vai funcionar isso?
MA - A Sucom que vai desenhar esse modelo. O que a gente tem é uma parceria, principalmente hoje a gente tem uma parceria com a Polícia Militar. Já fizemos três testes, no sentido de manter o circuito com as pessoas que efetivamente se cadastraram. Então nós tivemos a oportunidade de fazer um teste durante a Lavagem do Bonfim, durante as festas do Rio Vermelho e de Itapuã. E, graças a Deus, até vocês que são da imprensa viram que não tivemos maiores problemas e não houve nenhum excesso, nem por parte dos ambulantes nem por parte das equipes da Sesp. Estamos fazendo uma coisa muito organizada, acho que vamos conseguir evoluir nesse sentido, a cada ano, realmente para que o circuito trabalhe com as pessoas quem foram efetivamente cadastradas.

BN - E com relação à fiscalização da entrada de bebidas, dos materiais, como é que a Sesp está elaborando isso? 
MA - A Sesp fiscaliza os ambulantes. Essa coisa da bebida, existe uma liberdade. Não é permitido vidro, qualquer garrafa de vidro que seja encontrada no circuito com certeza vai ser recolhida. Isso já vem acontecendo há uns anos e temos uma cultura de que as pessoas não utilizam vidro. Pode ocorrer um morador descer com uma garrafa de vidro, mas de maneira geral, inclusive na orientação que é dada aos ambulantes isso fica muito claro. São questões que são muito claras para ambulantes. Levar criança para o circuito... Nós vamos estar atentos a isso  também, informando à Defensoria Pública e a prefeitura está, através da Setad, disponibilizando creches para os filhos de ambulantes, que tem que trabalhar. 

BN - Duas questões polêmicas foram implantadas na época do então secretário Fábio Mota. Eu quero saber do senhor se isso vai ser mantido e se vai ter efetividade maior que são os mijões da rua e o fumo nos camarotes.
MA - O fumo nos camarotes a gente está realmente fazendo um trabalho com a Codecon, aí já entra o que é também Sesp, no sentido de realmente coibir, estamos montando equipes de fiscalização, adesivando os camarotes para que não haja dúvida com relação a isso. A Codecon vai realmente fiscalizar essa questão. Na questão dos mijões, a gente espera essa colaboração com a Polícia Militar nos ajude a orientar as pessoas a utilizarem os banheiros que estarão disponíveis em todo o circuito.

BN - Em relação à violência, a gente teve a greve da Polícia Militar, há uma expectativa muito grande da população de que talvez possa haver alguma manifestação dos policiais no circuito, o governo do Estado manteve a Força Nacional e o Exército na Bahia para evitar qualquer tipo de contratempo. A Sesp também é responsável pela violência. Quantas câmeras a gente vai ter, quantos guardas municipais vão dar esse auxílio?
MA - A Cogel está colocando à disposição 46 câmeras no Circuito, inclusive hoje é a inauguração do espaço da Cogel. Essa dinâmica das câmeras, o alcance dos circuitos, e a Sesp com sua equipe de 340 guardas municipais estará para ajudar. A função dos guardas municipais não é efetivamente a prevenção da violência humana, mas ela estará colaborando com a PM nesse sentido. A função da Sesp é dar um apoio para que os serviços públicos oferecidos à população tenham esse suporte. Em todas as equipes, tem uma da guarda municipal que dá esse suporte. 
 
BN - Eles saem de cacetete?
MA - Eles não são armados, saem com cacetete, mas com essa função. É lógico que em uma situação de crise a gente pode colaborar com a PM, são nossos parceiros.

BN - Os guardas chegaram a tomar um curso com relação ao carnaval?
MA - Sim, são capacitados para isso. E já vem há alguns anos acontecendo dessa forma. Inclusive com elogios da PM pelo comportamento da guarda municipal porque, como eles mesmo dizem, cada um na sua atividade, cumprindo seu papel.

BN - São quantos agentes de fiscalização da Sesp e quantos profissionais da Limpurb?
MA - São 1600 profissionais da Limpurb só para os circuitos. O “Bloco da Limpurb” estará presente em todos os circuitos. Os profissionais da Sesp na fiscalização, teremos cerca de 1800 profissionais. Teremos cerca de 270 Salvamar na cidade e nove postos extras do Salvamar no Carnaval. Teremos 28 equipes de quatro técnicos dando manutenção da iluminação pública, em plantão permanente, 180 do Codecon, 390 da guarda municipal. Então a Sesp sai como efetivo, com o bloco de aproximadamente cinco mil pessoas. 

BN - Ainda em relação ao trabalho da Sesp, muita gente, um bloco de cinco mil pessoas, da Sesp exclusivamente, dentro do conjunto da prefeitura de Salvador...
MA - A Sesp é um peso grande no Carnaval pela diversidade dos serviços que ela presta. Se nós formos contar com os investimentos que foram feitos, inclusive na questão que eu coloco como a mais importante, que foi a retirada da fiação de alta tensão nos circuitos, nas travessias. A Sesp acredita que vá gastar nesse Carnaval, com todos esses investimentos, em torno de 11 milhões de reais.

BN - E o apoio da Sesp nos demais circuitos, como vai ser?
AM - Então, o efetivo está direcionado para cada um dos circuitos.

BN - E o carnaval dos bairros, vai ter todo o apoio?
AM - Sim.

BN - E o povo que quiser colaborar, por exemplo, com alguma irregularidade. Se você vir um ambulante comercializando com espeto, garrafa de vidro, como avisa?
AM - O ideal é que ele ligue. A ouvidoria da prefeitura está funcionando normalmente (156) e tem o link direto de comunicação da Sesp. Então o ideal é ligar 156 e passar a demanda. E demanda, inclusive, de outras áreas, não só pertinente a Sesp.

BN - Vão ter postos da Sesp lá também não é?
AM - Sim, vamos ter 12 postos nos circuitos.

BN - Qualquer coisa a pessoa pode chegar lá, falar com um agente...
AM - Sim. A central de operações da Sesp será ali, no jardim suspenso, no Palácio da Aclamação. Ali é onde o secretário vai morar no carnaval. A festa é muito grande, muito bonita e a gente não pode poupar nenhum sacrifício para que ela dê certo e acontecendo todos os anos. A gente torce para que cada ano seja melhor. Se depender da presença física, permanente, do secretário a gente vai fazer esse esforço grande para participar dessa forma.

BN - Existe alguma ação específica da Sesp para a questão de catar latinhas nos trios?
AM - Existe a parceria com as cooperativas de reciclagem. Esse ano, eu estou com uma marca de 170t de lixo reciclado. E está presente nos circuitos em parceira com a Limpurb  são as cooperativas de catadores para que justamente a gente possa recolher esse material.

BN - As cooperativas são uniformizadas?
AM - Sim, e são organizadas. A Limpurb faz isso com muita maestria. Nossa presidente, Angela [Maria Lisboa], tem feito isso há bastante tempo e tem dado certo. No ano passado, tivemos cerca de 140t. Eu disse a ela que esse ano a meta é chegar a 130t. Porque a gente tira a carga de lixo que a gente precisa coletar. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário