Moradores de Rancho Alegre Pegam Água em Buracos Feitos na RUA.

“Todo mundo pega água dessa forma”, declara a dona de casa Izaildes de Araújo(35).

Todos os dias, entre as 15 e as 17 horas, moradores de Rancho Alegre, distrito de Caravelas (a 847 km de Salvador) – a maioria deles donas de casa e crianças –, vivem o mesmo ritual para conseguir água: entram em buracos feitos na rua para encher baldes.

Os buracos, cuja profundidade varia entre um metro e um metro e meio, foram feitos porque o cano da rede fica a cerca de 30 cm sob o solo.

A justificativa para as ligações clandestinas – os “gatos” – na rede de água é que falta pressão para o líquido chegar aos tanques. E como a água é distribuída gratuitamente pela prefeitura – são quatro reservatórios com capacidade entre 30 mil a 60 mil litros –, ninguém acha que está cometendo infração.

“Todo mundo pega água dessa forma”, declara a dona de casa Izaildes de Araújo, 35. “A água não chega forte para subir ao tanque, as bombas vivem quebradas”, justifica a também dona de casa Adriana Cerqueira, 23.

Até criânças entram no buraco em busca de água.
Mas Aécio de Oliveira, 53, conhecido como o “homem da bomba” porque liga os equipamentos, diz que as quatro bombas estão funcionando bem e desaprova os “gatos”: “Com eles, as bombas perdem força e os que moram longe dos reservatórios saem prejudicados”, diz.

Embasa - Gilberto Rodrigues de Souza, o Gilbertinho, que representa a Prefeitura de Caravelas no distrito e leva as demandas à administração, acredita que 50% dos moradores fazem “gatos” e que o problema existe há mais de um ano.

“Há uns dois meses, fui com a polícia e desfizemos todos os ‘gatos’, no mesmo dia, à noite, já tinham colocado todos de novo”, reclama. Por isto, defende que a Embasa assuma o abastecimento e passe a cobrar taxas pelo consumo de água. Fonte: Mário Bittencourt-A TARDE.