terça-feira, 26 de julho de 2011

Salvador a Alguns Passos do Sistema Cicloviário.

O sistema cicloviário de Salvador caminha a passos largos para sair do papel nos próximos anos. Nesta terça-feira (26), a Câmara Municipal da capital baiana recebe da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) o projeto da nova malha de transporte destinada especialmente aos ciclistas soteropolitanos.

De acordo com a diretora de equipamento e qualificação urbanística do órgão estadual, Lívia Gabrielli, a expectativa é de que as obras, orçadas em R$ 40 milhões, comecem a sair do papel a partir do início de 2012 e fiquem prontas em dois anos, a tempo para servir de alternativa para a cidade na Copa do Mundo de 2014.

O projeto que prevê a instalação dos 188 quilômetros de malha cicloviária em Salvador foi dividido em três etapas. A primeira contempla a orla da cidade e integra a capital baiana com Lauro de Freitas, onde serão construídos outros 60 quilômetros de ciclovia. “É uma parte que independe da ligação com outros modais de transporte e pode ser feita de forma isolada.

Por isso deve ser executada no início do plano de ação. Essa etapa inaugural deixaria Lauro de Freitas e seguiria por toda a região de borda de Salvador até o bairro da Ribeira, na Cidade Baixa”, disse Gabrielli. Toda a estrutura voltada para ciclistas que já existe na orla da capital baiana será requalificada na primeira parte do projeto, que além de ciclovias prevê a construção de ciclofaixas e bicicletários.

A segunda etapa engloba o Centro Histórico de Salvador, onde se estuda a implantação de um plano piloto de bicicletas públicas, assim como ocorre em Paris, na França, e em Santiago, no Chile. Nessas localidades, os habitantes pagam valores irrisórios e tem direito a trafegar com a bicicleta por determinados trechos.

A prática é considerada uma solução viável para aqueles que não possuem meio de transporte próprio e também não podem arcar com a passagem cobrada pelos veículos de transporte coletivo.

A terceira e última parte do projeto segue da Avenida Luiz Viana Filho (Paralela) ao centro da cidade. As principais estações de transbordo da capital baiana, como Iguatemi, Lapa, Pirajá e Mussurunga, bem como os pontos de acesso ao metrô, estão interligados às ciclovias como parte de um plano de integração entre transportes. “É um projeto que contempla o meio ambiente e corresponde a um apelo antigo da população.

Ele possui também um caráter transversal, já que dialoga com outras áreas essenciais como saúde e educação. Além disso, queremos facilitar o ir e vir das pessoas propondo um sistema eficiente que funcione como alternativa para evitar os transtornos provocados pelo trânsito”, afirmou a diretora da Conder.

O projeto do sistema cicloviário de Salvador será apresentado uma semana após o prefeito João Henrique sancionar a Lei 8.040/2011, de autoria do vereador Gilmar Santiago (PT), que institui diretrizes para a implantação de ciclovias, ciclofaixas, faixas compartilhadas, rotas operacionais de ciclismo e locais específicos para estacionamento como parte de um esquema de transporte voltado à mobilidade urbana sustentável.

A medida determina também que os terminais e estações de transportes de passageiros, edifícios públicos, escolas, shoppings e outros locais de grande concentração de pessoas se adéquem implantando meios que facilitem o acesso dos ciclistas.

Perfil dos ciclistas na capital

Encomendada pela Coder, uma pesquisa piloto revelou o perfil dos ciclistas de Salvador. Conforme o estudo, existe uma predominância do sexo masculino entre os que utilizam a bicicleta como meio de transporte (a maioria com idade entre 18 e 35 anos) e a ocupação dos ciclistas, na maioria empregados no comércio, serviços e na construção civil, com renda de até um salário mínimo.

“O sistema cicloviário de Salvador também servirá como meio de integração social, pois está provado que grande parte das pessoas que se locomovem de bicicleta pela cidade o faz porque não tem outra opção de transporte”, destacou Gabrielli.

Ainda segundo a pesquisa, entre as motivações para a utilização da bicicleta nas vias urbanas da capital baiana, destacam-se o preço elevado das passagens de ônibus, a insuficiência das linhas existentes e ainda o fato das viagens serem mais curtas e rápidas. Os que não utilizam a bicicleta justificaram o perigo no trânsito e a pavimentação inadequada das vias de tráfego.

PROTESTO – Na última semana, ciclistas dos mais variados pontos de Salvador pedalaram do 5º Centro de Saúde até o Dique do Tororó em protesto a morte de Jaimilson Gomes, 33 anos, que andava de bicicleta pela Avenida Centenário quando acabou atropelado por um carro modelo Eco Sport no dia 10 deste mês. O evento foi organizado pelo Movimento Bicicletada Salvador / Massa Crítica.

Na concentração, os manifestantes pintaram o asfalto com a marca dos ciclistas na faixa direita da via, espaço destinado para a circulação da categoria, conforme determina o CTB, e deixaram flores em homenagem ao colega morto. Durante o trajeto, os ciclistas gritaram em coro frases como “Ô motorista, respeite o ciclista”, além de exibir um imenso cartaz com a frase “Vale a pena o esforço pela paz no trânsito”. Fonte: Thiago Pereira.

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