A Bancada Verde do Congresso Nacional recebeu, nesta  segunda-feira (8), em Brasília, para uma reunião onde se discutiu a  construção da hidrelétrica de Belo Monte, a deputada Carherine Grèze do  Grupo dos Verdes no Parlamento Europeu. Em busca de informações  sobre a usina, a parlamentar francesa veio ao Brasil, acompanhada pelas  deputadas Ulrike Lunacek (Áustria) e Eva Joly (França). Juntas, elas  integram a comitiva de parlamentares europeias que estará, até hoje,  cumprindo uma agenda ambiental no País.
Durante o encontro dos verdes europeus com os verdes brasileiros, o Secretário Nacional de Comunicação do Partido Verde, José Carlos Lima,  fez uma explanação sobre a construção da hidrelétrica que tem provocado   acaloradas discussões no Brasil. Além de mostrar, com gráficos, números e mapas, detalhes técnicos da obra, Lima também destacou as  consequências para o meio ambiente que o surgimento da usina Belo Monte  provocará.
“ Temos, hoje, um grande questionamento sobre a usina que se foca  nos índios, mas precisamos lembrar diuturnamente que a situação de  impactos ambientais não ficou para trás”, garantiu Lima.
O presidente Nacional do PV, deputado Penna (SP), que também é o  presidente da Comissão de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável da Cãmara dos Deputados,  fez questão de frisar para a deputada  Catherine Grèze, durante  o encontro, que Belo Monte já é uma realidade ,  “sem volta”.
“E entre  os inúmeros impactos da hidrelétrica que posso citar  estão a perda de vegetação e de ambientes naturais com mudanças na  fauna, geração de expectativas  quanto ao futuro da população local, da  região e da população indígena, o aumento da pressão sobre as terras e  áreas indígenas entre outros” observou.
Pena ainda informou que desde que se começou a falar em Belo Monte, o PV se mobilizou para proteger a população  local, índios da região e o meio ambiente. “Apresentamos diversos requerimentos, promovemos debates e realizamos audiência pública. Cumprimos o nosso papel’, finalizou.
Atenta a cada palavra dita durante a reunião, Catherine Grèze fez  questão de afirmar que está no Brasil para entender, de fato, a  viabilidade e a utilidade de Belo Monte para o Pais e sua população. ” E por causa disso fizemos uma agenda extensa, apesar de corrida, com  autoridades do governo federal, membros do Legislativo, do Ministério  Público, do Judiciário, pesquisadores, organizações não governamentais,  movimentos sociais e os construtores da usina” explicou.
“Viemos conversar com os impactados, com pesquisadores, com  críticos da obra e com quem tem ideias alternativas de como garantir o  abastecimento de energia e o respeito dos direitos humanos a um só  tempo”, disse ressaltando que o tamanho, o custo e os efeitos projetados por essa obra convidam todos a refletir sobre o modelo energético que  se pretende para preservar a terra para o futuro.
O líder do PV na Câmara, deputado Sarney Filho (MA), presente à  reunião, relatou à deputada francesa sua guerra pessoal e de todos os  Verdes contra a construção, desde o início, da hidrelétrica de Belo  Monte, no Rio Xingu, no Pará. “Foi uma longa e desgastante guerra de  ações e recursos na Justiça”, lembrou o deputado, que foi ex-ministro de Meio Ambiente.
“Os  parlamentares ambientalistas concordam com a construção de  hidrelétricas, que são fontes de energia limpa, dependendo da relação  custo/ benefício que cada uma delas irá representar”, disse. Segundo  ele, no caso de Belo Monte, há uma série de erros já apontados pelo  Ministério Público uma vez que mais da metade das condicionantes   apresentadas não foram totalmente cumpridas. “Não vamos permitir que a  usina seja construída de qualquer forma” , enfatizou lembrando que a  Bancada Verde estará atenta a todos os passos da obra. 
Sarney Filho aproveitou o encontro com Grèze para fazer um balanço  da atuação do Partido Verde no Brasil, especialmente com o surgimento  das manifestações populares nos últimos dias. De acordo com ele, o PV  tem cumprido com muita responsabilidade uma agenda socioambiental que se antecipou, inclusive, às reivindicações das ruas. “Nosso Partido está  muito à vontade durante os protestos e nossos militantes não têm do que  se envergonhar”, disse enfatizando que o PV tem participado ativa e  decisivamente das discussões sobre saúde, tributos, questão nuclear e de mobilidade urbana. “E estamos ao lado do povo brasileiro na luta contra a corrupção”, emendou  o vice-líder do PV, deputado Antônio Roberto  (MG).
Também participaram do encontro o senador Paulo Davim (RN), a deputada Rosane Ferreira (PR)  e o prefeito de Licínio de Almeida (BA), Alan Lacerda.
Grèze esclareceu, ainda, que além das preocupações com a questão  social e ambiental na Amazônia, o interesse da comitiva Verde do  Parlamento Europeu na usina é reforçado pela participação de várias  empresas europeias no projeto, seja como fornecedoras de equipamento,  seja  como acionistas indiretas da Norte Energia S.A, empresa  responsável por Belo Monte. Entre as empresas da Europa envolvidas no  negócio estão a austríaca Andritz, a espanhola Iberdrola, a francesa  Alstom e as alemãs Voith Siemens, Munich Re e Allianz.
Contaminação 
O ex-deputado federal Edson Duarte, que faz parte do Grupo de  Trabalho da Cãmara  que discute a contaminação por chumbo em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, entregou à Catherine Grèze um documento,  assinado pelo deputado Roberto de Lucena (SP) pedindo o apoio da  parlamentar, bem como da França, no sentido de ajudar na  responsabilização da empresa francesa Penarroya Oxide S.A que contaminou o município do recôncavo baiano com chumbo e cádmio, enquanto operou  por mais de 30 anos no Brasil. “O deputado Roberto de Lucena preside  este grupo e nosso trabalho tem o objetivo de tentar reparar os danos  causados ao meio ambiente naquela região, tratar da saúde e indenizar as vitimas da contaminação e tentar amenizar o sofrimento e o drama das  gerações futuras de Santo Amaro”, desabafou.
No roteiro das parlamentares no Brasil,  consta, além da passagem  por  Brasília, outra hoje por Belém, assim como uma visita ao local da  construção da hidroelétrica Belo Monte. Estão  previstos ainda para hoje contatos com representantes dos povos indígenas e reuniões com o bispo  Erwin Krautler e com o Movimento Xingu Vivo.


Nenhum comentário:
Postar um comentário