segunda-feira, 3 de junho de 2013

Corpo de Augusto Omolú será velado no TCA.

O corpo do bailarino, coreógrafo e educador Augusto José da Purificação Conceição, o Augusto Omolú, 50 anos, será será velado no Foyer do TCA na tarde desta segunda-feira (3). A informação foi divulgada pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). O sepultamento será realizado na terça-feira (4) no Cemitério da Ordem 3ª Secular de São Francisco, pela manhã. O horário ainda não foi confirmado.

Omolú foi assassinado a facadas na madrugada de ontem, no sítio em que residia, em Buraquinho, Lauro de Freitas. Quem encontrou o corpo de Augusto na Chácara Omolú, foi o caseiro André Luiz Santos Caribé, por volta das 8h. Caribé conhecia Augusto há dois anos, mas trabalhava com ele há apenas três meses.

Na manhã de hoje, um grupo com cerca de 100 pessoas, entre amigos e familiares, fez uma manifestação na frente da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) em protesto a morte do bailarino. Vestidos de branco e com cartazes, os manifestantes pediam investigação e e atenção com a violência.

Investigação
Segundo o delegado titular da 23ª Delegacia Territorial em Lauro de Freitas, Joelson Reis, a vítima foi esfaqueada na região da nuca, na boca e na barriga. “Presumimos que ele foi golpeado por trás”, explica. Omolú foi encontrado de barriga para cima, e vestindo apenas uma cueca, no espaço entre a cozinha e a sala de jantar da casa. “Nossas primeiras investigações apontam que ele estava vivo até as quatro horas da manhã”, informa o delegado. Segundo ele, nada foi roubado.




A polícia trabalha com duas linhas de investigação: crime passional ou vingança; e caso, durante a investigação, seja identificado que houve roubo, latrocínio. A investigação ainda não aponta suspeitos. 
Augusto Omolú integrou-se ao BTCA em 1981, seu ano de fundação. Participou do elenco de diversas produções da companhia, inclusive como solista. 

Em 2002, o coreógrafo baiano se tornou o único brasileiro a integrar o elenco da célebre Odin Teatret, companhia dinamarquesa fundada em 1964 pelo diretor italiano Eugenio Barba. Após retornar do exterior, em 2011, vinha atuando como professor da Escola de Dança da Fundação Cultura do Estado da Bahia (Funceb) e do Projeto Axé. 

No final do ano passado foi convidado a assumir a função de assessor artístico do BTCA. Como assistente do curador geral Jorge Vermelho, Omolú começava a dividir a responsabilidade de montar os espetáculos da companhia.

“Estávamos fazendo essa transição. Quando foi cotado, o nome dele foi unanimidade entre todos os integrantes do BTCA”, revelou Vermelho. Na sua carreira artística, Omolú desenvolveu a chamada dramaturgia da Dança dos Orixás, inspirada nas raízes do candomblé brasileiro e com base nos princípios da antropologia teatral. É criador de um estilo único e particular. 

“Omolú dançou nos principais palcos do mundo como solista”, diz o diretor teatral Paulo Dourado. Augusto deixa três filhos e um neto. Ultimamente, vivia na ponte aérea entre a Bahia e a França, onde vive a mulher com quem era casado, Lisa Ginzburg. 

Amigos lamentam a perda de Augusto Omolú
Para os que acompanharam a brilhante carreira artística de Augusto Omolú, a dança perdeu um líder e educador da mais alta qualidade. Mas, para os que o tinham mais próximo, a vida perdeu um sujeito de afetuoso trato pessoal. O bailarino deixou órfãos de sua doçura não só os três filhos e o neto, mas amigos de três décadas como o diretor Paulo Dourado. “Uma pessoa afável, o que faz a violência parecer mais chocante. Era uma pessoa educada, de uma sofisticação. Era como se fosse um rei africano”, comparou Dourado.


Colegas como Renivaldo Nascimento da Silva, o Flechinha, o tratavam como um irmão: “Alguns irmãos não são de sangue, a gente simplesmente escolhe. Eu e Augusto nos escolhemos”. Atual curador artístico do BTCA, Jorge Vermelho disse que perdeu uma referência de boa fé e bom coração. “Para o BTCA vai ser muito difícil entrar em cena sem ele. Fica um vazio e a nossa indignação”. 


Diretor artístico do Balé Folclórico da Bahia, José Carlos Arandiba, o Zebrinha, disse que Omolú exercia uma liderança de forma tranquila. “Você chegava e já fazia parte da vida dele. Pessoa acessível e sem mistérios. Era ele na frente e um cortejo atrás”. Tanto o Teatro Castro Alves quanto a Fundação Cultural emitiram nota de pesar. 



“O ator, dançarino e coreógrafo é uma referência mundial e ocupa um lugar de destaque na construção, difusão e popularização da dança produzida na Bahia”, destacou o TCA. “Estamos perdendo não apenas o Augusto artista, mas o Augusto educador. Um cidadão comprometido com a arte e com a educação”, afirmou Beth Rangel, diretora da Escola de Dança e do Centro de Formação em Artes da Funceb. Fonte: Correio da Bahia.




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