sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Servidor é preso por desviar mais de R$100 mil destinados aos desabrigados em Salvador

Servidor utilizava cargo para desviar verba; Prefeitura
identificou desvio e denunciou Thiago Lima à polícia.
O funcionário da prefeitura de Salvador Thiago Santos Lima, 25 anos, foi preso nesta sexta-feira (25) por desviar mais de R$ 100 mil que deveriam ser destinados aos desabrigados das chuvas.
Segundo informações da titular da Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap), Ana Carina Sampaio Guerra, foi a própria prefeitura que detectou a fraude e fez a denúncia.
O repasse era feito para estudantes universitários. “Ele chegou a repassar R$4.200 de uma só vez sem nenhuma comunicação aos seus gestores. Isso foi o que chamou atenção”, conta a delegada.
Segundo Ana Carina, o vínculo de Thiago na pasta era por conta de um cargo de confiança, ele era gestor no Fundo Municipal de Assistência Social desde abril deste ano e era o único responsável pelo repasse do auxílio aos desabrigados. Só ele tinha a senha da conta bancária da prefeitura eToken necessário para fazer os repasses às vítimas das chuvas. Os valores eram sacados diretamente na agência bancária com a identificação do beneficiário. 
Além de encaminhar a verba para as vítimas da chuva, ele estava também repassando os recursos a amigos. Oito estudantes de medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e uma fisioterapeuta envolvidos no esquema já foram ouvidos pela polícia nesta quinta-feira (25). Todos devem responder pelo crime de peculato, que consiste no uso de um cargo público para beneficiamento próprio ou de terceiros. "Não só ele responde pelo crime de peculato, como também os amigos, que sabiam que ele se valia do cargo para beneficiá-los", explica a delegada.
Em depoimento, eles alegaram que aceitaram receber o dinheiro "por amizade" mas ficavam com, em média, R$100. O restante do valor era repassado a um amigo de Thiago que já foi identificado pela polícia mas não teve o nome revelado. Oito dos nove beneficiários disseram não conhecer Thiago, mas a polícia ainda apura a veracidade da informação. 
Os verdadeiros beneficiários do programa precisavam comprovar, através de uma série de documentos, que a casa onde residiam havia sofrido com algum desastre relacionado à chuva. Thiago não chegava a criar os documentos necessários para repassar os valores ao amigos. Ele apenas liberava nominalmente o auxílio sem procedimento prévio de comprovação.
Após ser preso em casa, Thiago foi levado para a sede do Dececap, em Piatã, onde foi ouvido
(Foto: Evandro Veiga/CORREIO).

Ontem, durante a Operação Chuva, da Polícia Civil, foram cumpridos dez mandados: um de prisão temporária para Thiago (que deve ficar preso pelos próximos cinco dias) e nove de condução coercitiva (quando os apontados são obrigados a comparecer a delegacia para prestar depoimento e são, em seguida, liberados). Na delegacia, o CORREIO procurou por duas vezes familiares de Thiago e procurou informações sobre o advogado que o defenderia. Os familiares não quiseram prestar informações.  
De acordo com a Polícia, os desvios vinham acontecendo desde abril e seguiram pelo menos até o mês de julho, quando iniciou a investigação da própria prefeitura. No imóvel do funcionário da prefeitura, no bairro dos Barris, foram encontrados R$ 68 mil em espécie. Além disso, houve um mandado de busca e apreensão para os computadores usado por Thiago para fazer as transações. Outros dois computadores foram apreendidos na casa dele, além de um HD, pendrives e mídias. 
O grupo também deve responder por formação de quadrilha. "Foi um amigo que foi levando o outro, ao que sabemos até então. Eles receberam valores distintos, alguns mais outros menos. Alguns chegaram a sacar R$13 mil, outro R$8 mil em parcelas", detalhou Ana Carina. Foram exatamente os valores que levantaram a suspeita.
Segundo a delegada, houve uma auditoria de rotina no repasse do valor, gerenciado pela Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), e se identificou que havia repasses maiores do que os previstos. O teto de repasse aos beneficiados seria de até três salários mínimos (R$2.364). Fonte: Alexandro Mota.

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