Eric Pereira, 25 anos, é
publicitário, MBA em Marketing e Branding e atualmente ocupa o cargo
de diretor executivo da agência de propaganda É Idéia. Fundador do
ItapuãCity, que conta com cerca de 62 mil curtidas na fanpage do
site no Facebook. Integrante da Juventude Itapuãzeira, presidente do
Partido Trabalhista Nacional (PTN) Jovem em Salvador e
vice-presidente na executiva estadual.
Nesta
entrevista, ele
fala sobre o jovem na política brasileira, mídia alternativa e
assuntos que estão sendo discutidos nas rodas de amigos e em
Brasília: maioridade penal e a principal proposta de reforma
política, conhecida como distritão.
Yuri
Silva: Qual a maior dificuldade de uma mídia alternativa hoje?
Eric
Pereira: Por ser independente, a grande dificuldade é manter o
trabalho com recursos próprios. Atualmente o que gera maior
visibilidade são os conteúdos sensacionalistas, mas nós vamos na
contramão. O nosso objetivo é potencializar o que temos de bom nas
nossas comunidades, pois acreditamos que é valorizando o indivíduo
e respeitando as diferenças que conseguiremos fortalecer o processo
de mudança na realidade das regiões mais carentes. Temos muito mais
coisas boas para mostrar, porém a mídia sensacionalista só divulga
fatos infelizes, fomentando esse predatório modo de gerar lucro.
O
que você pensa a respeito da redução da maioridade penal que
ultimamente está sendo bastante discutida?
Eric
Pereira: Não adianta querer remediar, o ideal é que tenhamos
investimentos para prevenir esses acontecimentos. Só investindo em
educação de qualidade para os jovens que teremos um resultado
diferente. Sou contra a redução da maioridade penal. Será um
processo em cadeira. Reduziremos para 16, depois para 14 e daí por
diante. A demanda não vai acabar enquanto não dermos outras
oportunidades para os jovens. Precisamos resolver a violência contra
os jovens de periferia, que tem dados muito mais alarmantes que os
dos jovens que cometem esses crimes.
Em
meio as mídias sociais, os adolescentes têm interesse na política?
Eric
Pereira: Acredito que todos nós temos o desejo de mudança do
cenário atual, e quando vemos os jovens nas ruas protestando por uma
sociedade mais justa temos o atestado de interesse na participação
política. Estamos aprendendo que se não gostarmos da política,
seremos governados por quem gosta, e essas pessoas não andam fazendo
boas coisas. Temos que participar, fiscalizar e ajudar a construir um
futuro diferente para todos nós.
Os
jovens têm se candidatado aos cargos públicos?
Eric
Pereira: Tenho acompanhado e vejo o desejo de muitos, porém vejo o
descaso e desinteresse da maioria das organizações partidárias em
fomentarem essa inclusão. Na maioria das vezes os jovens são
atraídos com essa proposta, mas são utilizados como massa de
manobra, apenas para atrair votação. Temos isso claro no modelo
atual do sistema eleitoral. A partir dos 16 anos já podemos votar,
mas não podemos ser escolhidos como representantes. Cargos como
presidente, vice-presidente, senador, governador e muito mais… só
a partir dos 30 anos. Ou seja, assim que querem incluir o jovem na
política? Todos sabem da necessidade de mudança no cenário
político atual, e isso se faz com renovação… mas nós jovens
enfrentamos essas barreiras. Sem falar nos altíssimos custos de
campanha. Imagina só se nós, jovens, vindos da periferia, teremos
condições de investir 1 milhão numa campanha, apenas numa
tentativa de tornar a nossa sociedade mais justa?
O
jovem brasileiro pode mudar o rumo da política brasileira?
Eric
Pereira: Com certeza! Mas para que consigamos, é preciso que haja
oportunidade!
A
Suécia tem dois ministros que ainda nem completaram 30 anos.
Diferente do Brasil, que segundo a consultoria Bites, a idade média
dos parlamentares é de 58 anos no caso dos senadores e de 50 no caso
dos deputados federais. Os atuais ministros do governo Dilma têm, em
média, 58 anos. Muitos tem ideias da idade média. Se tivesse mais
jovens em cargos públicos no nosso país, você acha que o país
estaria mais desenvolvido?
Eric
Pereira: Sim. Não só no ambiente privado, mas no público, é
preciso inovar! Não se tem resultados diferentes fazendo as mesmas
coisas e com as mesmas pessoas. Temos hoje um quadro de políticos
preocupados com os seus interesses pessoais, não generalizando é
claro. Não quero um cenário político tomado pela juventude, mas
com equilíbrio, onde tenhamos os jovens, os índios, as mulheres, os
negros, homossexuais, portadores de necessidades especiais, e por aí
vai. Assim estaremos bem representados.
Você
em uma entrevista disse ser contra o "Distritão", pois os
jovens não terão vez. Entretanto, se o “Distritão” for
aprovado, a população teria alguém para cobrar e aboliria o
“efeito tiririca”. Muitos são bem votados e não se elegem por
causa do quociente. Se o jovem fazer muito corpo a corpo, não
precisaria de muito investimento, não seria uma boa opção?
Eric
Pereira: Seria uma boa opção se não excluísse a minoria. Qualquer
um que faça o corpo a corpo teoricamente teria o resultado citado,
mas, na prática, a teoria é outra. Temos um sistema eleitoral com
financiamentos de campanha altíssimos, quase que desleal. O sistema
proporcional equipara o candidato com pouco recurso, que faz o corpo
a corpo, com aquele que investe milhões e milhões. Temos
pouquíssimos casos do efeito Tiririca, e acho que pra solucioná-lo
realmente temos que pensar em leis que não aceitem esse tipo de
ação, mas o distritão é a forma de perpetuar os caciques.
Fonte: Eric Pereira foi entrevistado por Yuri Silva.
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