quinta-feira, 4 de junho de 2015

“Se não gostarmos da política, seremos governados por quem gosta”, diz Eric Perreira

Eric Pereira, 25 anos, é publicitário, MBA em Marketing e Branding e atualmente ocupa o cargo de diretor executivo da agência de propaganda É Idéia. Fundador do ItapuãCity, que conta com cerca de 62 mil curtidas na fanpage do site no Facebook. Integrante da Juventude Itapuãzeira, presidente do Partido Trabalhista Nacional (PTN) Jovem em Salvador e vice-presidente na executiva estadual.

Nesta entrevista, ele fala sobre o jovem na política brasileira, mídia alternativa e assuntos que estão sendo discutidos nas rodas de amigos e em Brasília: maioridade penal e a principal proposta de reforma política, conhecida como distritão.



Yuri Silva: Qual a maior dificuldade de uma mídia alternativa hoje?
Eric Pereira: Por ser independente, a grande dificuldade é manter o trabalho com recursos próprios. Atualmente o que gera maior visibilidade são os conteúdos sensacionalistas, mas nós vamos na contramão. O nosso objetivo é potencializar o que temos de bom nas nossas comunidades, pois acreditamos que é valorizando o indivíduo e respeitando as diferenças que conseguiremos fortalecer o processo de mudança na realidade das regiões mais carentes. Temos muito mais coisas boas para mostrar, porém a mídia sensacionalista só divulga fatos infelizes, fomentando esse predatório modo de gerar lucro.

O que você pensa a respeito da redução da maioridade penal que ultimamente está sendo bastante discutida?
Eric Pereira: Não adianta querer remediar, o ideal é que tenhamos investimentos para prevenir esses acontecimentos. Só investindo em educação de qualidade para os jovens que teremos um resultado diferente. Sou contra a redução da maioridade penal. Será um processo em cadeira. Reduziremos para 16, depois para 14 e daí por diante. A demanda não vai acabar enquanto não dermos outras oportunidades para os jovens. Precisamos resolver a violência contra os jovens de periferia, que tem dados muito mais alarmantes que os dos jovens que cometem esses crimes.

Em meio as mídias sociais, os adolescentes têm interesse na política?
Eric Pereira: Acredito que todos nós temos o desejo de mudança do cenário atual, e quando vemos os jovens nas ruas protestando por uma sociedade mais justa temos o atestado de interesse na participação política. Estamos aprendendo que se não gostarmos da política, seremos governados por quem gosta, e essas pessoas não andam fazendo boas coisas. Temos que participar, fiscalizar e ajudar a construir um futuro diferente para todos nós.

Os jovens têm se candidatado aos cargos públicos?
Eric Pereira: Tenho acompanhado e vejo o desejo de muitos, porém vejo o descaso e desinteresse da maioria das organizações partidárias em fomentarem essa inclusão. Na maioria das vezes os jovens são atraídos com essa proposta, mas são utilizados como massa de manobra, apenas para atrair votação. Temos isso claro no modelo atual do sistema eleitoral. A partir dos 16 anos já podemos votar, mas não podemos ser escolhidos como representantes. Cargos como presidente, vice-presidente, senador, governador e muito mais… só a partir dos 30 anos. Ou seja, assim que querem incluir o jovem na política? Todos sabem da necessidade de mudança no cenário político atual, e isso se faz com renovação… mas nós jovens enfrentamos essas barreiras. Sem falar nos altíssimos custos de campanha. Imagina só se nós, jovens, vindos da periferia, teremos condições de investir 1 milhão numa campanha, apenas numa tentativa de tornar a nossa sociedade mais justa?

O jovem brasileiro pode mudar o rumo da política brasileira?
Eric Pereira: Com certeza! Mas para que consigamos, é preciso que haja oportunidade!

A Suécia tem dois ministros que ainda nem completaram 30 anos. Diferente do Brasil, que segundo a consultoria Bites, a idade média dos parlamentares é de 58 anos no caso dos senadores e de 50 no caso dos deputados federais. Os atuais ministros do governo Dilma têm, em média, 58 anos. Muitos tem ideias da idade média. Se tivesse mais jovens em cargos públicos no nosso país, você acha que o país estaria mais desenvolvido?
Eric Pereira: Sim. Não só no ambiente privado, mas no público, é preciso inovar! Não se tem resultados diferentes fazendo as mesmas coisas e com as mesmas pessoas. Temos hoje um quadro de políticos preocupados com os seus interesses pessoais, não generalizando é claro. Não quero um cenário político tomado pela juventude, mas com equilíbrio, onde tenhamos os jovens, os índios, as mulheres, os negros, homossexuais, portadores de necessidades especiais, e por aí vai. Assim estaremos bem representados.

Você em uma entrevista disse ser contra o "Distritão", pois os jovens não terão vez. Entretanto, se o “Distritão” for aprovado, a população teria alguém para cobrar e aboliria o “efeito tiririca”. Muitos são bem votados e não se elegem por causa do quociente. Se o jovem fazer muito corpo a corpo, não precisaria de muito investimento, não seria uma boa opção?
Eric Pereira: Seria uma boa opção se não excluísse a minoria. Qualquer um que faça o corpo a corpo teoricamente teria o resultado citado, mas, na prática, a teoria é outra. Temos um sistema eleitoral com financiamentos de campanha altíssimos, quase que desleal. O sistema proporcional equipara o candidato com pouco recurso, que faz o corpo a corpo, com aquele que investe milhões e milhões. Temos pouquíssimos casos do efeito Tiririca, e acho que pra solucioná-lo realmente temos que pensar em leis que não aceitem esse tipo de ação, mas o distritão é a forma de perpetuar os caciques.
     
 
Fonte: Eric Pereira foi entrevistado por Yuri Silva.
 
 

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